sábado, 31 de agosto de 2013

Máquina do Tempo

É que naquela época
pela falta de tudo
se aceitava qualquer coisa
Mas o tempo foi passando
e a saudade nem tanto...
Fingia desmanchar-se em cartas
dissipar-se em cabos,
dissolver-se em teclas,
diluir-se em hologramas
e nas noites de sono pesado,
se desfaz em uma máquina do tempo
só pra descobrir em que ano
será descoberto o teletransporte.

domingo, 4 de agosto de 2013

Ideia Fixa

Também não soube o porque de tanto ócio, quando o que mais queria era fazer tudo ao mesmo tempo de modo que pudesse parar de se preocupar e viver uma coisa de cada vez. Era como se quando o coração estivesse cheio, a cabeça esvaziasse do cotidiano pra dar lugar à loucura do tédio, por se sentir sem ação frente a ausência de atitudes de quem se espera um rio, um mar, um mundo de coisas tão pequenas e simples, que se cristalizam em raridades. Dessas pequenas pérolas, ganhava muitas, embora não se pudesse medir o efetivo valor, nem o verdadeiro nuance das palavras que acompanhavam em doses espaçadas. Sim, interessava mais o valor dos fonemas pronunciados em conjunto, aqueles que se transformavam em frases repetidas, quase prontas, prontas pra perfurar aquela coisa rígida, antes impenetrável, mas que como num passe de mágica amolecia, ao gotejar daquele líquido ralo, quase uma gota de luz, uma gota de ilusão, uma gota de amor(?) E chega o momento tão esperado, aquele que em meio a sôfregos abraços, no exato instante em que os corpos grudados encontram o encaixe que se insinua perfeito - ou que queremos que o seja - é sim o momento em que tenras as pérolas, não!, as palavras, não!, a delícia de ter o sentido da audição se torna o maior gozo. Pra sempre. Querer pra sempre. Sentir pra sempre. Nada nunca foi tão maravilhoso, dual e enlouquecedor como essa sentença, repetida sempre nesse momento intenso, em que o coração pulsa e a mente zera, parindo interrogações risonhas em lágrimas de alegria. Tocou o interfone. Maria Anita acordou num pulo, daquele transe que durou cerca de segundos. Deu de cara com esmeraldas... chegaram turmalinas. A cama ficou vazia, mas ela se sentia cheia de alguma coisa que levava o sabor artificial de esperança. Sorria acordada. Ouvindo sons de um dia a dia que quisera que fosse seu, embora gostasse de ser ela mesma. E ali ficou horas, se enroscando num edredom da mesma cor do portador de pedras preciosas, pedrinhas preciosas, preciosidades. E se deu conta de quantas Marias e quantas Anitas, haviam mirado com paixão aqueles crizoprázios encantados, e perdido uma peça dos seus pares de ouros, pratas e até bijuterias, debaixo daqueles travesseiros fofos. Vestiu a roupa, calçou os chinelos emprestados, desceu as escadas com cuidado pra não fazer barulho. Abriu a porta protegendo os olhos do sol da tarde. E recebeu por escrito o que já havia sentido mas com outras palavras. Carinho verdadeiro. Nem precisa agradecer.