quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Poeminha Indignado de Fim de Noite

Bate tum tum tum
no som da canção
Balança ansioso
e vc é a razão
pela qual ele sustenta
esse peso um tempão
Uma dor que lateja
e se alguém pisa da dó
Ninguém merece
o pé doendo no forró.

sábado, 31 de agosto de 2013

Máquina do Tempo

É que naquela época
pela falta de tudo
se aceitava qualquer coisa
Mas o tempo foi passando
e a saudade nem tanto...
Fingia desmanchar-se em cartas
dissipar-se em cabos,
dissolver-se em teclas,
diluir-se em hologramas
e nas noites de sono pesado,
se desfaz em uma máquina do tempo
só pra descobrir em que ano
será descoberto o teletransporte.

domingo, 4 de agosto de 2013

Ideia Fixa

Também não soube o porque de tanto ócio, quando o que mais queria era fazer tudo ao mesmo tempo de modo que pudesse parar de se preocupar e viver uma coisa de cada vez. Era como se quando o coração estivesse cheio, a cabeça esvaziasse do cotidiano pra dar lugar à loucura do tédio, por se sentir sem ação frente a ausência de atitudes de quem se espera um rio, um mar, um mundo de coisas tão pequenas e simples, que se cristalizam em raridades. Dessas pequenas pérolas, ganhava muitas, embora não se pudesse medir o efetivo valor, nem o verdadeiro nuance das palavras que acompanhavam em doses espaçadas. Sim, interessava mais o valor dos fonemas pronunciados em conjunto, aqueles que se transformavam em frases repetidas, quase prontas, prontas pra perfurar aquela coisa rígida, antes impenetrável, mas que como num passe de mágica amolecia, ao gotejar daquele líquido ralo, quase uma gota de luz, uma gota de ilusão, uma gota de amor(?) E chega o momento tão esperado, aquele que em meio a sôfregos abraços, no exato instante em que os corpos grudados encontram o encaixe que se insinua perfeito - ou que queremos que o seja - é sim o momento em que tenras as pérolas, não!, as palavras, não!, a delícia de ter o sentido da audição se torna o maior gozo. Pra sempre. Querer pra sempre. Sentir pra sempre. Nada nunca foi tão maravilhoso, dual e enlouquecedor como essa sentença, repetida sempre nesse momento intenso, em que o coração pulsa e a mente zera, parindo interrogações risonhas em lágrimas de alegria. Tocou o interfone. Maria Anita acordou num pulo, daquele transe que durou cerca de segundos. Deu de cara com esmeraldas... chegaram turmalinas. A cama ficou vazia, mas ela se sentia cheia de alguma coisa que levava o sabor artificial de esperança. Sorria acordada. Ouvindo sons de um dia a dia que quisera que fosse seu, embora gostasse de ser ela mesma. E ali ficou horas, se enroscando num edredom da mesma cor do portador de pedras preciosas, pedrinhas preciosas, preciosidades. E se deu conta de quantas Marias e quantas Anitas, haviam mirado com paixão aqueles crizoprázios encantados, e perdido uma peça dos seus pares de ouros, pratas e até bijuterias, debaixo daqueles travesseiros fofos. Vestiu a roupa, calçou os chinelos emprestados, desceu as escadas com cuidado pra não fazer barulho. Abriu a porta protegendo os olhos do sol da tarde. E recebeu por escrito o que já havia sentido mas com outras palavras. Carinho verdadeiro. Nem precisa agradecer.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Emaranhado

Naquela de tecer futuro
enroscou-se em um fio de ouro
esquecendo que além de valioso
atava forte e criava nós quase intransponíveis.
Bailava em vôos rasos, sublimava em todos os sentidos
acreditava em laços, feixes, nunca em nuncas.
E foi perdendo as horas, nesse fio imaginário
os livros, as ideias, passatempos, nada tinha vez.
Preferia a inércia, sua suposta amiga,
rara, tenra, utópica e iludida,

encontrava a paz onde não buscava
evaporava em sonho, filtrado por lágrimas.

domingo, 30 de junho de 2013

A Natureza do Amor

Será também o amor, partes sem um todo?
Será o Grande Segredo de Caeiro, 
aquele Grande Mistério dos poetas falsos, 
uma metáfora aplicável ao coração?
Que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro 
é uma doença das nossas ideias?
Pq por coincidência, a verdade que todos andam a achar e não acham,
Só eu, pq a não fui achar, achei.

domingo, 24 de março de 2013

Pistache


E se pra sempre assim fosse
de um jeito ou de outro
coração metade seu
e a outra metade também

Já não seria mero impasse
olho direto no olho
luz no sorriso e um beijo
sei que percebe ir além

E cega os olhos do brilho
que emana a pele macia
serena flor de eucalipto
ou alguma mistura de amêndoa

Iremos mil vezes à Lua
brancos como flocos de vida
nos enroscaremos na preguiça
nó cego em concha, água viva!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pra ser sincero...

Poderia jurar que era mais um de seus caprichos
ou jurar que era arrogância pois sabia que era foco.
Mas tinha ao seu entorno tantos olhos ociosos,
tantos abraços maliciosos e tantas palavras etéreas,
que pra sua fuga, o pensamento costumava levitar nos momentos menos propícios.
Num desses lapsos, foi dormir com saudade.
Acordou com a ausência e passou o dia com vontade.
Por que a inveja é tão rasa?
Decerto se mergulhasse mais fundo descobriria o quão leviana é. 

Perde-se tanto tempo com a frivolidade das aparências...
Mas que não seja esse sentimento a pauta!
Por que na verdade o tema é a falta,
mesmo quando transborda, ou parece sobrar.
E de tentar uma conclusão pruma quimera,
ganhou um tormento quase que inventado,
com doses de utopia que vira realidade quando se acorda...
Mas acordou com a ausência e passou o dia com vontade.
E num desses lapsos, foi dormir com saudade.