sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sofrência

Eu não quero me apaixonar
não quero gostar de ninguém
eu não quero mais depender
de um amor que me faz sofrer

No começo é lindo, tudo são flores
você se apega
a conquista é doce, os beijos são muitos
ele não sossega

te liga de noite, vem de madrugada,
cheio de calor
ele te cativa, vê as raparigas 
e foge do amor

sábado, 11 de julho de 2015

Encanto

Há muito ouvi falar de ti sem conhecer
me surpreende o fato de ter me encontrado
nestes teus olhos, sorriso e jeito calado
mas que falava muita coisa sem dizer

Sempre sentia aquele clima de magia
e a alegria de pisar no seu caminho
mesmo que um dia só, ou por um instantinho
vinha fluir no nosso abraço esse querer

Por isso faço tudo pra te ver
Ouvir seu canto e seu coração bater
E nesse canto esperarei sem te esquecer
Vem ser feliz vou te encantar mais uma vez

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Sobre morrer de amor

Sempre escuto máximas quando o assunto é sofrer por amor. A lição de moral que está em primeira no pódium do top mil é: 'Você tem que SE amar'. A segunda: 'Se você ama, deixe livre'. Tenho que concordar que os dois conselhos são lindos, de uma transcendência sem igual, mas temos de convir que de nada consola. Não pelo fato de que perder um amor ou não conseguir ficar com quem ama seja algo realmente inconsolável, mas porque além de serem conceitos super zen, não respondem a pergunta que não quer calar, sobre o porque ter que estar sozinho, quando se quer estar junto. Realmente, depender do outro é aprisionante, porém somos um ser social, lutamos tanto pelo coletivo em toda nossa história, porque então logo no amor, temos que pensar só em nos amar, em desapegar? Não faz sentido, é triste e na maioria das vezes injusto. Tem os que dizem que no amor vc quer o outro feliz e no apego, na posse, vc quer que outro te faça feliz, nunca vi nada tão egoísta quanto estes dois pontos de vista, no meu íntimo amar seria o 'quero que SEJAMOS felizes', em harmonia, em comunhão, eu e vc, vc e eu, e o mundo todo envolvido, compartilhando vida. Vi um filme em que um rapaz depois de desapegar de tudo, antes de morrer concluiu que a felicidade só é real quando compartilhada. Então quando precisar dar um conselho pra alguém que está a morrer de amor, ou de desamor, antes de citar os clichês ou reproduzir aquelas frases prontas, contribua com o seu silêncio e console com o seu abraço, afinal, já dizia o poeta… ‘é impossível ser feliz sozinho’.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Quando dá um nó

Hoje as palavras não saíram
ficaram presas só no pensamento
e enquanto decidiam qual viria antes
o coração roía um ponto
um ponto de interrogação bem grande
bem do tamanho dessa estrada
e que teimava em aparecer de noite
roubando o travesseiro do amor.
E assim as lembranças voaram
imaginando quando vai chegar
o dia em que palavras serão beijos
chovendo livres rumo a te encontrar.

sábado, 2 de maio de 2015

A lógica do amor

não tem.

e assim poderia findar meu poema
se dentro do lápis não pulsassem frenéticas
palavras encarregadas de nascer pra despertar
o mais novo poeta da longa estrada que caminho.

caso as lembranças dessa memória frágil
não chegassem desconexas, misturadas em sonhos 
aí sim o grafite espesso brincaria de espelho
com a cronologia anti-horária do meu coração.

de volta mil vezes a esta mesma busca
já não me acha o coelho branco, Mariana! ele grita
mariana! ele escuta. e o vôo? e o vôo… eu vou.

Porque não?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Mar

Refeitos todos os passos
agora não mais em pares
se estreitam todos os mares
e com os pés a molhar
ecoa uma prece caseira
se enfeita esconde a olheira
que a noite diverte e castiga
quem deveras sofre de amor
presentes, doces e livros
me dou embrulhado, vestindo
a fita dourada esperando
que junte os pedaços partidos
de um coração que tem fé…


no amor.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

É Que Hoje Está Difícil

O dia em que vc me riscou do coração
foi o dia mais difícil, o mais quente
e por acaso marcava o calendário
que seria o início de um recomeço

A mesma história trilhada por anos
compassos mudando, agora fora do tom
nem parece que antes de ontem
nossa voz era ouvida como um mesmo som

O dia em que eu me vi só, foi o dia mais duro
e o céu era de um azul profundo
só pra me mostrar que é maior do que tudo

e que eu não preciso chorar, mas choro…

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Rastros Químicos

Quisera eu poder dizer
Que esta noite vai chover
Até molhar, regar, colher
Mas resolvi olhar pro céu
Desculpe se não pode crer
Que as nuvens brancas desse dia
São rastros aparentemente leves
Mas que te levam sem saber

A um lugar que é devastação 
E ao invés de gotas chove trovão 
Que grita um eco que ninguém escuta
 pulveriza o que não tem mais cura

Rastros químicos, fumaça no céu

Nuvens, perigo, avião cruel

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dá Licença

Me da licença que eu quero passar com a minha poesia
pois quem só pensa acaba criando monstros no armário
que tal apenas lembrar que na vida sempre teve sorte
e que esse caso não é diferente, do que os seus casos
Só porque olho pro céu ou pro mar, aves e paisagens
não quer dizer que acaso uma guerra vai se iniciar
pelo contrário procuro aliviar todo minuto penoso
longe de ti, na labuta diária com sol na cabeça
Mas se é preferível censurar em ironia as coisas que prezo
ou maldizer de impensado os passos tão retos que dou
lhe ofereço um espelho o mesmo que uso em meu dia a dia
já que não servem apenas os beijos e as juras de amor
Só não se assuste quando tiver que abrir a porta do armário
pois minhas criaturas são todas tão mansas, parece piada
mas monstros do mar fazem qualquer um se jogar da prancha
com o fascínio do canto da nova sereia em pele de marinheiro

terça-feira, 3 de junho de 2014

Ouvi Falar

Ouvi falar E certamente vão dizer Que o rico nasce pra mandar E o pobre só pra obedecer Mas eu ja sei E não sossego até provar Que a gente nasce pra morrer E pobre ou rico, pra lutar Capricha a renda Joga a rede no mar Que hoje vai ter seresta Só pra aliviar Castiga a ceia Não da pra aperrear Aqui se brinca na areia E com a rainha do mar Aqui se brinca na areia E se cuida pra nunca parar de remar Desfaz a cena Vem pra outro lugar Onde se tem fé naquele Que morreu pra salvar Castiga a aldeia Só para prosperar E se diz boa veia Mas não sabe esperar Ta subindo a ladeira Mas com alguém pra lhe carregar

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Devir

Não me admira que procures Em olhos outros a saída É que se for pensar um pouco Não te afliges a partida Porque é claro o teu orgulho Mais cansado que um lamúrio Desses que ja se conhece Cada frase letra e ponto Desses que se vê de novo Em cada um e em cada outro Mas não espere que esses olhos Fechem ou marejem por ti É que o vazio segue o óbvio Buscar alegria no ópio Não acende o que quer sumir Partir seguir fugir sentir, devir de vir.

Acordei mas não te vi

Acordei mas não te vi Pensei está por aí Fazendo coisas mil Não liguei não insisti Mas quando estava aqui Seu riso se perdeu Não se cale Apenas fale Se é possível que valha Tanto a pena sofrer Não estamos mais distantes Tem escadas rolantes Pra subir subir E aproveitarmos os degraus Pro nosso encaixe E perceber que é lindo o amor Que nos invade Deixa esse sorriso aparecer Mesmo que eu tenha que esperar Sentada e tomando uma coca cola Pq eu acordei mas não te vi Pedi e agora estás aqui Não viu mas eu senti Que tudo isso é tão pequeno Perto do sereno som do seu dormir Faz nosso abraço virar música

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Festa

É que ta tendo uma festa ali na rua, e o som ta alto vindo da tv da sala. É que já é de tarde e hoje é feriado e eu nunca vi tanto devoto comendo churrasco. É que hj era um dia pra ficar tranquilo, pra se ter silêncio, pra se descansar. Só que o barulho todo emudece o vento, os pingos da chuva, os meus pensamentos e a paz branquinha saiu correndo e eu aqui roendo pq não quero outra cor.

sexta-feira, 21 de março de 2014

?

E se eu quiser ser tudo aquilo que ninguém quer ser por preguiça ou por conveniência? [assim sem vírgulas mesmo]
E se eu quiser ralar, sofrer, chorar e sorrir, ganhar, brilhar tudo na mesma proporção?
E se eu quiser ser essa dúvida, esse 'se', essa indignação do outro, essa dicotomia, essa dualidade, ser esses dois lados de todas as coisas?
E se o medo me fizer sentir viva?
E se a plenitude não for realizar-se?
E se eu me realizasse querendo ser exatamente o que eu sou?!

O limite não existe. O futuro é daqui a 1 segundo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Poeminha Indignado de Fim de Noite

Bate tum tum tum
no som da canção
Balança ansioso
e vc é a razão
pela qual ele sustenta
esse peso um tempão
Uma dor que lateja
e se alguém pisa da dó
Ninguém merece
o pé doendo no forró.

sábado, 31 de agosto de 2013

Máquina do Tempo

É que naquela época
pela falta de tudo
se aceitava qualquer coisa
Mas o tempo foi passando
e a saudade nem tanto...
Fingia desmanchar-se em cartas
dissipar-se em cabos,
dissolver-se em teclas,
diluir-se em hologramas
e nas noites de sono pesado,
se desfaz em uma máquina do tempo
só pra descobrir em que ano
será descoberto o teletransporte.

domingo, 4 de agosto de 2013

Ideia Fixa

Também não soube o porque de tanto ócio, quando o que mais queria era fazer tudo ao mesmo tempo de modo que pudesse parar de se preocupar e viver uma coisa de cada vez. Era como se quando o coração estivesse cheio, a cabeça esvaziasse do cotidiano pra dar lugar à loucura do tédio, por se sentir sem ação frente a ausência de atitudes de quem se espera um rio, um mar, um mundo de coisas tão pequenas e simples, que se cristalizam em raridades. Dessas pequenas pérolas, ganhava muitas, embora não se pudesse medir o efetivo valor, nem o verdadeiro nuance das palavras que acompanhavam em doses espaçadas. Sim, interessava mais o valor dos fonemas pronunciados em conjunto, aqueles que se transformavam em frases repetidas, quase prontas, prontas pra perfurar aquela coisa rígida, antes impenetrável, mas que como num passe de mágica amolecia, ao gotejar daquele líquido ralo, quase uma gota de luz, uma gota de ilusão, uma gota de amor(?) E chega o momento tão esperado, aquele que em meio a sôfregos abraços, no exato instante em que os corpos grudados encontram o encaixe que se insinua perfeito - ou que queremos que o seja - é sim o momento em que tenras as pérolas, não!, as palavras, não!, a delícia de ter o sentido da audição se torna o maior gozo. Pra sempre. Querer pra sempre. Sentir pra sempre. Nada nunca foi tão maravilhoso, dual e enlouquecedor como essa sentença, repetida sempre nesse momento intenso, em que o coração pulsa e a mente zera, parindo interrogações risonhas em lágrimas de alegria. Tocou o interfone. Maria Anita acordou num pulo, daquele transe que durou cerca de segundos. Deu de cara com esmeraldas... chegaram turmalinas. A cama ficou vazia, mas ela se sentia cheia de alguma coisa que levava o sabor artificial de esperança. Sorria acordada. Ouvindo sons de um dia a dia que quisera que fosse seu, embora gostasse de ser ela mesma. E ali ficou horas, se enroscando num edredom da mesma cor do portador de pedras preciosas, pedrinhas preciosas, preciosidades. E se deu conta de quantas Marias e quantas Anitas, haviam mirado com paixão aqueles crizoprázios encantados, e perdido uma peça dos seus pares de ouros, pratas e até bijuterias, debaixo daqueles travesseiros fofos. Vestiu a roupa, calçou os chinelos emprestados, desceu as escadas com cuidado pra não fazer barulho. Abriu a porta protegendo os olhos do sol da tarde. E recebeu por escrito o que já havia sentido mas com outras palavras. Carinho verdadeiro. Nem precisa agradecer.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Emaranhado

Naquela de tecer futuro
enroscou-se em um fio de ouro
esquecendo que além de valioso
atava forte e criava nós quase intransponíveis.
Bailava em vôos rasos, sublimava em todos os sentidos
acreditava em laços, feixes, nunca em nuncas.
E foi perdendo as horas, nesse fio imaginário
os livros, as ideias, passatempos, nada tinha vez.
Preferia a inércia, sua suposta amiga,
rara, tenra, utópica e iludida,

encontrava a paz onde não buscava
evaporava em sonho, filtrado por lágrimas.

domingo, 30 de junho de 2013

A Natureza do Amor

Será também o amor, partes sem um todo?
Será o Grande Segredo de Caeiro, 
aquele Grande Mistério dos poetas falsos, 
uma metáfora aplicável ao coração?
Que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro 
é uma doença das nossas ideias?
Pq por coincidência, a verdade que todos andam a achar e não acham,
Só eu, pq a não fui achar, achei.

domingo, 24 de março de 2013

Pistache


E se pra sempre assim fosse
de um jeito ou de outro
coração metade seu
e a outra metade também

Já não seria mero impasse
olho direto no olho
luz no sorriso e um beijo
sei que percebe ir além

E cega os olhos do brilho
que emana a pele macia
serena flor de eucalipto
ou alguma mistura de amêndoa

Iremos mil vezes à Lua
brancos como flocos de vida
nos enroscaremos na preguiça
nó cego em concha, água viva!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pra ser sincero...

Poderia jurar que era mais um de seus caprichos
ou jurar que era arrogância pois sabia que era foco.
Mas tinha ao seu entorno tantos olhos ociosos,
tantos abraços maliciosos e tantas palavras etéreas,
que pra sua fuga, o pensamento costumava levitar nos momentos menos propícios.
Num desses lapsos, foi dormir com saudade.
Acordou com a ausência e passou o dia com vontade.
Por que a inveja é tão rasa?
Decerto se mergulhasse mais fundo descobriria o quão leviana é. 

Perde-se tanto tempo com a frivolidade das aparências...
Mas que não seja esse sentimento a pauta!
Por que na verdade o tema é a falta,
mesmo quando transborda, ou parece sobrar.
E de tentar uma conclusão pruma quimera,
ganhou um tormento quase que inventado,
com doses de utopia que vira realidade quando se acorda...
Mas acordou com a ausência e passou o dia com vontade.
E num desses lapsos, foi dormir com saudade.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Mesma Paixão


Desculpe amigo mas vou ter que lhe dizer
que o que eu mais quero é sair da solidão
sei que teu caso é parecido com o meu
mas vamos ter que encontrar a solução

Mesmos lugares, mesmo gosto e interesses
e agora essa de sofrer mesma ilusão
eu sei que amigos compartilham sentimentos
só que no amor não pode haver divisão

Deixa acontecer, o destino que aponta
não vamos chorar se a sorte não bater
qualquer dia desses a verdade nos encontra
e nosso xamego há de um dia aparecer

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Gira Mundo


Ando tão cansado que não tenho nem mais pressa
Tão atordoado que não encontro uma razão
um motivo qualquer que me traga a esperança
pra continuar a caminhar sem seu amor

Ando tão descrente precisando de um carinho
Tão desesperado para ao menos te dizer
que a vida da gente é um pião é um moinho
e nesse gira e roda quero encontrar você

Pisa no meu chão, deita em minha rede
me fala baixinho que hoje a noite vai chover
Traz seu coração, vem devagarinho
diz pra solidão que logo mais eu vou te ver

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Paixão Difícil


Sem querer quando se apega
e sem saber se apaixona
não se cansa de sonhar
no embalo da sanfona

noites inteiras em claro
esperando aquela dança
bate o peito com a zabumba
quando a alma se encanta

não se escuta voz mais linda
que a do bem-te-vi amado
não há tilintar mais triste
que o triângulo tocado

refrão:
Eita amor difícil
mas que paixão violenta
te ver e não poder ter
meu coração não aguenta

[Meu primeiro xote! :)]

domingo, 10 de junho de 2012

Só que não

eu queria pra esse dia
palavras tenras
lágrimas perdidas
um beijo terno
juras de afeto
e uma estrada tão longa quanto a da ida.
essa bomba certa
só errou a festa
sem relógio e sem aviso.
ja sabia.
ja tentava.
ja queria.
só que não.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Mágico Trágico

Não foi poeira
nem pó de estrelas,
aquela fumaça
impedia a visão.
De hora em hora
olhava a cartola,
mas sem surpresas
nenhuma expressão.
E assim permanece
parado no tempo,
vivendo saudades,
coelho na mão.
Arrisca uma prosa,
espreme anedotas,
tudo embaçado
cor de carvão.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Maldição do Amor

Eu desejaria nunca ter te visto;
desejaria nunca ter voltado;
desejaria nunca ter insistido;
nem nunca ter te amado.
Eu desejaria ser mais forte,
enfrentar tudo calmamente;
eu desejaria seu desprezo,
mas te desejo eternamente.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Poemas Incompletos I

Num olhar de mistério
que esconde tantos caminhos
Com a sola gasta de muitas andanças
Vejo o homem, o pássaro,o rapaz e a criança
Todos misturados em sua pele rôta.

Não tem vaidade, idade, pertences
ao verde em florestas e estrelas cadentes
Concentra no tato um calor hedonista
Conserva no hálito o fel do amor.

Da boca ouço música,
da flauta mais doce
que encanta o pasto, as sereias e as fadas
me enrolo em suas tranças,
conheço suas marcas
e choro a magia que faz desaparecer.

Poemas Incompletos II

Me permitas que hoje
em sono profundo
Me deite em seu peito
e respire fundo
Que eu sinta em seu corpo
teu raro perfume
e que eu ouça o bater do teu coração
Em sonho voarei
de mãos dadas contigo
Me verás descalça,
cordão e vestido
Sentirás alegria, calor e apego
E minhas mãos perdidas em seus cabelos.

domingo, 4 de abril de 2010

Serra

Não cabe mais aquele azul
como plano de fundo
Aquele verde escuro
ganhou um tom marrom
Já não há mais tanta beleza
Já não há mais tanta grandeza
Naquele palco em sépia
dançam cores sem nenhum som

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ainda Lembro

Ainda lembro o que passou
eu você em qualquer lugar
dizendo "onde você for eu vou"
e quando eu perguntei
ouvi você dizer
que eu era tudo o que você sempre quis
mesmo triste eu estava feliz
e acabei acreditando em ilusões
eu nem pensava em ter
que esquecer você
agora vem você dizer
"amor, eu errei com você
e só assim pude entender
que o grande mal que eu fiz
foi a mim mesmo"
vem você dizer
"amor, eu não pude evitar"
e eu te dizendo
liga o som
e apaga a luz

[marisa monte/ ed mota]

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O que me importa

O que me importa seu carinho agora
Se é muito tarde para amar você
O que me importa se você me adora
Se já não há razão pra lhe querer

O que me importa ver você sofrer assim
Se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor

O que me importa ver você chorando
Se tantas vezes eu chorei também
O que me importa sua voz chamando
Se pra você jamais eu fui alguém

O que me importa essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais tristezas pra chorar que o seu

O que me importa ver você tão triste
Se triste fui e você nem ligou
O que me importa o seu carinho agora
Se para mim a vida terminou

[marisa monte]

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nossa Flor

Já havia passado muito tempo
não tinha as mesmas cores,
nem os mesmos sabores,
todo ritmo parecia lento,
como o prenúncio de algo que não vem.
Sentia o calor delirante,
e a dor de um corte profundo,
mas só chorei quando cheguei em casa,
e a nossa flor não estava mais lá.

Desejos

Nunca peça nada em vão,
no calor dos sentimentos,
quando muito se deseja,
é capaz de acontecer.
a alegria são momentos,
não atraia o sofrimento,
que não seja seu sorriso
a minha algoz decepção.

Eternidade?

era pra durar 2 anos,
era pra durar 3 dias,
e ambos nem chegaram a se completar.
o sopro de esperança caiu da janela
e levou o meu coração junto.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

e eu não consigo mais

domingo, 26 de abril de 2009

Prova de Amor

Ok, eu não provo.
Mas só pra te provar
aquilo que você não me prova
por aproveitar por aí,
por provar que provas não provam nada.

domingo, 12 de abril de 2009

Me Desculpa

Você me pediu pra cantar
mas sua voz é toda música
E eu esqueço todos os poemas
só de lembrar
Só não pense, meu anjo,
que isso é mero descuido
o amor tem dessas coisas
faz desconcentrar

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Piegas Não

Assim que findar a dor no peito
e acabar o martírio que é te amar
Capaz de voltar o furor filosófico
e as palavras tornarão a surtir efeito.
As rimas não serão tão óbvias,
ou não haverão
E outros temas igualmente importantes
talvez voltem a inspirar meus poemas
Assim que a cabeça voltar pro lugar
e os pés tocarem o chão
Assim que o pensamento aterrisar
e o coração bater em seu ritmo normal
Bem verdade que serão mais raros
porém não serão escravos
Ainda piegas mas sem a intenção

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Eu disse sim

Ai que saudade do tempo
dos beijos escondidinhos
Você me olhava nos olhos
pedindo mais um pouquinho

Ai que saudade daquele tempo
e o tempo nem passou muito
Você perguntou baixinho:
Vamos ficar velhinhos juntos?

Não aguento ser feliz aos poucos

Não aguento ser feliz aos poucos
Nesse tom agridoce que é te amar

sábado, 7 de março de 2009

Alegria

Isso traga alegria!
Traga amor e poesia
Traga o real e a fantasia
Não deixa a Terra nos tragar...

domingo, 1 de março de 2009

Cor-de-rosa

é porque tua presença continua
quando o onibus te leva
e porque gosto de você
com a naturalidade mansa
de não perguntar-me,
e porque meu coração boceja
aconchegado,
e porque nossos olhos pulsam
lado a lado, ....
é por uma porção de coisas
mágicas
que quando você pinta
sinto a temperatura da vida
e em teu beijo
um gosto de amor juvenil
e eterno como se a eternidade
fosse a plenitude do instante

{Elysio}

domingo, 22 de fevereiro de 2009

De onde vem a calma?

calma, ria!
calmaria.
ri da alma!
ri da vida!
vem da alma,
ri Maria
vai com calma
ri Marina
rima em prosa
de quem ama
ri do agora
Mariana!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

2 0 0 9 ?

Fui até a janela, olhei pro céu, e a primeira coisa que vi foi uma estrela. Como num impulso sorri e fiz um pedido (ou mandei um recado), e o que veio na cabeça foi a imagem da pessoa que mora no meu coração... fechei os olhos, e o vento deslizou macio pelo meu rosto e de olhos fechados lembrei do seu beijo, e senti seu cheiro, a textura da sua pele... e te desejei aqui comigo, por toda vida, do meu lado... e quando ainda sorrindo abri os olhos, você não estava aqui, e as luzes da cidade brilhavam como estrelas amarelas juntinhas amontoadas... e eu chorei... e fiquei olhando as estrelas amarelas crescerem até que a lagrima percorresse todo meu rosto... respirei fundo... não estava triste... o vento ainda beijava meu rosto suave... quando olhei pro céu de novo pude ver todas as outras estrelas brilhando fraquinhas no céu, aquela ainda era a mais brilhante de todas... enxuguei os olhos e voltei pra dentro de casa. voltei pra dentro de mim, e fiquei lá.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Linda Lua


Pensamentos voam
com destino certo

E absorve em sua luz
corações saudosos

Reflete olhos brilhantes
sorrisos largos

Ilumina o caminho
dos enamorados

Recebe meus sonhos
e um pedido breve

Um beijo, um abraço
um perfume de flor

Reluz soberana
rainha da noite

Envia um recado
pro meu amor

domingo, 30 de novembro de 2008

Tempo

O meu tempo muda
se adapta.
Ele capta
o momento
pra depois passar.
Meu tempo voa
e se encaixa.
Ele vive em função
do que bate no peito.
O meu tempo é outro
mesmo sendo o mesmo,
que todos os outros
afirmam não ser.
O meu tempo é ouro
e se move lento,
basta o pensamento
estar em você.

Alguma coisa acontece

...no meu coração.

e a tempestade vem mesmo
no copo meio cheio ou meio vazio
e não sei pq cargas dágua
meu poema finda antes do tempo!
...

Só porque...

ai ai tudo de novo,
a mesma tecla
o mesmo som...
e depois da escacês de palavras (e de afeto)
aquele tom amargo
volta aos meus poemas

sábado, 29 de novembro de 2008

De novo


eu não aprendi
e não venha me ensinar
todas essas coisas
que eu já sei de cor

sábado, 1 de novembro de 2008

SÓ PORQUE NÃO FUI AO for all.

FLOR CAI FLOR SOBE VOCE SÓ ESTA POR CIMA POR QUE MERDA NÃO AFUNDA!!!
EM DEZ IMBECIS NO MUNDO... E EU SOU TODOS ELES!!!

SOMOS DIFERENTE TU E EU
TENS FORMA E GRAÇA E A SABEDORIA DE CRESCER ATÉ DAR PÉ
NÃO SEI DE ONDE VIM NEM SEI ONDE QUERO CHEGAR
SÓ SEI QUE EU SÓ SIRVO PARA UMA COISA QUE EU NÃO SEI QUAL É
ÉS DE UMA PIPA E EU DE UM CRIPTO
TU-LIPA
EU-CALIPTO.

{Post por Fabiano Freitas}

sábado, 20 de setembro de 2008

Cais

Há um momento em que
nem o pratear das ondas,
nem o vento no cabelo,
nem o azul do céu infindo,
parece mais bonito que o porto.

É quando lamento ter embarcado.
E então me lembro que o pirata é você.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sol de Primavera

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...

[Composição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos]

sábado, 30 de agosto de 2008

Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Noite de Luar

E após andar horas sem descanso
a cidade já desaparecia ao longe,
como pontos brilhantes no horizonte.

apesar do cansaço e da fome
um ar de satisfação por pisar em folhas e galhos,
rumo ao topo mais alto daquela montanha.

Foi quando se deu o espetáculo;
e ela apareceu linda diante de seus olhos:
enorme e brilhante.

Há tempos um largo prédio impedia esta visão.
Se era nova, cheia, crescente ou minguante,
não sabia. (não poderia saber)

Mas o que sentia agora era alegria
e assim ficou durante horas, olhando...
sentindo a noite cair em seus braços.

E como se Deus aparecesse naquele momento,
se viu acreditar.
e gritou tão forte que as corujas responderam.

E ele entendeu.
Entendeu que nenhum dia de sua vida,
comparar-se ia com uma noite de luar.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Deserto

De que adianta meu coração de ouro
ou meu rosto impecável?
...

Trocaria meu camelo por um
amor correspondido.

domingo, 27 de julho de 2008

É ou não é?

É quando a luz se acende
e o inesperado bate à porta
É nao pensar demais
porque nunca se sabe
É fechar os olhos e
se deixar levar
É se surpreender
de tanto apaixonar
É isso tudo
aquilo que leva o tal vento
É tudo isso
que em um segundo é nada
Pra renascer no sorriso seguinte
Pra colorir nossa paz... nossa alma

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Meu coração

Meses caminhando e ainda não encontrei
o tal poço dos desejos!
Vou usar algumas moedas pra comprar um camelo.

Bem-me-veja!

Um campo enorme...
mal vejo além do horizonte
não existem trilhas:
"faça o caminho você mesmo".
Sento na única pedra que vejo em todo local
e espero.
Bem-me-quer? Mal-me-quer? Bem-te-vi??
Nada.
apenas o campo,
o vasto campo,
e eu.

domingo, 13 de julho de 2008

Dia em Sol menor

Não insista, ó Lua,
já é dia! - gritei o mais alto que pude.
Mas no alto ela resistiu apontando que o
sol não é o único dono do céu,
e me convenceu.
Hoje o dia era azul, não havia nuvens
e na sombra ou no sol fazia frio.
Corri como quem fugisse de tudo
mas ela me seguia a todo lugar...
Que surpresa ver a lua quando esperava ver o sol!
O que será que eu verei quando a noite cair?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O poeta...


O poeta...
Que de mais arder incendeia
faiscando em palavras
estalando...
Não rouba, pede emprestado
sua vida é carvão
pra devolver peneirado

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O mal do amor

é provável que o título não se adeqüe ao texto.

tenho percebido que o que corre em minhas veias não é sangue
o que impulsiona meus movimentos não são sistemas
e o que me faz refletir não vem do cérebro

da época sem amor, me lembro só de ter existido
e de algumas lágrimas forçadas
deste tempo lembro só de ter relembrado fatos do passado

e o fato mais curioso é que ansiava por esse vírus que acreditava ser imune
e quando ele chegou...
veio com toda aquela água, dessa vez difícil de estancar

quando está aqui, não me lembro de como era antes
e quando não está, se quer cada vez mais presente
paradoxo intrigante...

eu não tenho nenhum vício
nenhum daqueles que se possa realmente temer
mas quando não estou amando sobrevivo
e quando estou o mundo para

e vice-versa.


terça-feira, 24 de junho de 2008

Se cada dia cai



Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

{Pablo Neruda}

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Essa dor que carrego no peito

Eu sempre subestimei o tamanho da estrada
E com isso não notei que esta era encantada,
e crescia quilômetros a cada dia

Percebi isto da forma menos apropriada
nem o grito mais alto se ouvia
Nem sinais de que alguém me esperava

O longo caminho cansava as botas
desgastando as grossas solas
que eu pacientemente remendei

Lembro de quando esperar era fácil,
chegar na hora certa era fato
Mas agora já se passaram tantos dias!

Que posso entender que nem tudo é perfeito
e essa dor que carrego no peito
é de não conseguir te ver

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Estalo!

Descobri que o meu amor não existe
E que há tempos tenho sonhado
com alguém imaginário
Por isso meu telefone não toca com frequência!
Por isso não tinha ninguém no dia dos namorados!
Percebi que o meu amor é nuvem
E que espalha e some como fumaça
Por isso parece que olho e não vejo!
Por isso que eu choro e não adianta de nada!

Desalinhos










E de toda lasca
espero um brilho,
uma faísca, uma chama
ao invés de desgastar

E de todo atrito
aguardo um novo choque
mas que sirva pra polir
ao invés de desbastar

E desses fragmentos
receio um desapego
medo desse tormento
ao me decepcionar

Mas de todo encontro
anseio um recomeço
fruto de meu apreço
consequência de te amar

quarta-feira, 18 de junho de 2008

145 km


Sabes que eu sou inteira tua
e é teu também o meu sorriso que adoras
toda alma, carne e pensamentos
e é tua até a lágrima que rola

Quem és tu? Que eu tenho sem ter
Quem és tu? A quem flutuo em solidão
Não conheço o coração que me invadiu
145 km em vão.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Ao coração que sofre

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

[Olavo Bilac]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Droga de dia!


você não está aqui.



e nem liga pra isso.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Anti-Posse

Te amo tanto que te esqueço
para não me saturar
de tua imagem
É preciso que deixe de ser importante
tu me procurares
pois na medida
em que me sinto livre
te vejo chegar:
quanto mais longe de ti
mais estás aqui.
Vou ao teu encontro,
como se não existisses
e surpreendentemente
estás próxima do meu corpo.
Eu te aguardo,
para viver minha maior surpresa.
Eu te aguardo,
sem querer te esperar,
daí a minha urgência.
Faço um incêndio
das lembranças tuas,
sem saber que eras as chamas
em que me deixo arder.
Eu me escondo na noite
de tua ausência
e me despejo (me despojo)
nos braços de tua aurora chegante.
Eu te amo
porque nada quero (cobro) de ti.
Eu tenho tudo o que és
porque não te possuo
porque não és minha.


{Poema de Flávio Nascimento}

domingo, 4 de maio de 2008

Amanita Muscaria

listras, círculos, espirais
o céu pintado em aquarela
este suor frio na testa
nada tem a ver com o que o sorriso revela

sentindo no corpo
a respiração da floresta
o vai e vem das paredes
e o ondular das janelas
a chuva pinga em multicores
o que jamais conheci com outras ervas

sincero, confesso
não penso mais nela
se fecho os olhos vejo flores e amebas
o chão parece coberto de esferas
e eu sinto vontade imensa de cantar!

lá lá lá...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Fernando Pessoa

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Paisagem

Registrado em fotografia
uma paisagem,
tom sobre tom.
Ela, sereia, em ondas leves
formadas pela brisa
pernas pedras e coxas
feições plácidas
colo meio amostra
mão estendida
Ele, Lobo, furacão do mato
marcas cachos e músculos
cabeça a voar
Ela-rio, cachoeira-ele
dedos, mãos, leve pouso
Ela Rio, cachoeira dela
-Repousa em meu leito já que
nasces de um toque
-Tenho pressa, sou correnteza
não devo parar

domingo, 6 de abril de 2008

Vermelho-fulô



Lembro sempre do amarelo-expansivo
e do azul-claro-pijama-quentinho
Sinto falta de um tom
verde-refúgio
pra colorir minha vida
de lilás-céu

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Coragem


Passeava eu no campo
acompanhando uma borboleta
Certa vez acordei cedo
e não a vi
Pra não andar sem rumo esperei
na beira de um rio
e quando ela veio
não pude deixar de me alegrar
Mas era outra trazendo um recado,
que eu não mais teria minha borboleta azul
E eu já sem rumo e tão preocupada
permaneci no rio enfrentando as duras cheias
Muitos dias, semanas depois,
a borboleta mais linda voltou
e abriu o nevoeiro que
havia em minha frente de tal forma
que nem pude atirar as pedras que separei
A partir de então ela me guiava só de noite
às vezes nem estava lá
e eu sempre com as pedras no bolso
mas sem coragem de atirar
Porque quem aprecia um azul cor de céu
acaba lidando com o sublime
e nos segundos que ocorre a caminhada
desmedido é o avanço na relva
O bolso pesado incomoda
mas prefiro continuar só andando
o medo de não ter o chacoalhar de suas asas
se reforça na paz que por hora triunfa

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Ilusão

As opções eram vastas
e precisavam de nós dois pra acontecer
mas você seguiu outro caminho
blefando promessas
E todos os planos pra amanhã e depois
não se concretizariam
Tamanho foi o desânimo
que mal pude discordar
engoli seco;
deitei pra molhar o travesseiro;
fui andar;
tomei sorvete;
não adiantou.
O dia não acabara ainda e
não devo matar a esperança
Mas tamanho foi o desânimo
que já não espero
pra não ficar na vontade
Tão perto e tão longe
Não era pra ser assim
Assim doi mais...
muito mais.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Presente

O presente não nega:
estás por aqui.
E esqueço os momentos passados
o futuro idealizado
e o silêncio da solidão.
Um presente! Não nego:
estás por aqui.
E felizes são meus olhos
porque posso te ouvir
ainda há distância
mas há de convir,
que nada é perfeito
e é preciso compartilhar.
Se faz presente:
estás por aqui.
Reconheço a tristeza
mas esta não vinga,
quando perto não lembro
porque antes sofria
e só tenho sorrisos
mesmo ouvindo o silêncio
digo que sim e finjo que entendo
porque estou aqui sozinha
mas
estás logo ali.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Jardineiro

Sei que agora és pássaro
e que coleciona flores
Não deve ser fácil
cuidar de tantos jardins
Ventos sopram seu sobrevôo
em outros campos
E aguardo na relva
sem muito preocupar
Às vezes à noite quando
o silêncio é latente
gotas salgadas ajudam
o solo a se manter arado
Embora já falte uma
de minhas pétalas
jardineiro que és não me
deixas murchar.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Odisséia

Esse frio mal começou a cortar
e meu poema não passa de duas linhas
Talvez porque eu não ache no inverno
o conforto que encontro ao lado do meu amor
Nuvens cinzentas escondem as palavras
e deliro que haja algum sentido
pra estas enchentes,
porque quando não se escutar mais
o canto das sereias
transbordarão tantos beijos quantos forem
os pingos dessa chuva.


sexta-feira, 21 de março de 2008

Lua Nova

Por isso todas as noites corro pra vê-la
no mesmo horário,
aquele que a deixa
plenamente à mostra.
E me banho com sua luz fria,
de olhos fechados,
sorriso nos lábios,
cabeça erguida...
Tudo de bom e ruim que havia antes
eu não mais teria.
Nova fase: solidão.
Boas vindas ao inédito!
Mas que vá embora tão rápido quanto chegou

terça-feira, 18 de março de 2008

Alberto Caeiro

Talvez quem vê bem não sirva para sentir
E não agrade por estar muito antes das maneiras.
É preciso ter modos pra todas as cousas,
E cada cousa tem seu modo, e o amor também.
Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas
Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir.
Amei, e não fui amado, o que só vi no fim,
Porque não se é amado como se nasce mas como acontece.
Ela continua tão bonita de cabelo e boca como dantes,
E eu continuo como era antes, sozinho no campo.
Como se tivesse estado de cabeça baixa,
Penso isto, e fico de cabeça alta
E o dourado do sol seca as lágrimas pequenas que não posso deixar de ter.

Como o campo é grande e o amor pequeno!
Olho, e esqueço, como o mundo enterra e as árvores se despem.

Eu não sei falar porque estou a sentir.
...

(Fernando Pessoa)

domingo, 16 de março de 2008

Saudade


Fechei a janela sem olhar
o que havia do outro lado.
cheguei a me arrepender de tal ato,
mas fingi não me importar.
não quis olhar o céu
tampouco suas estrelas,
todas elas já cansaram
dos meus pedidos repetidos.

sábado, 15 de março de 2008

A vida muda

Num piscar de olhos
a vida muda,
e não é mais livro aberto.

Num lugar distante
a vida muda,
e não é só mistério (este não há).

E se costumava olhar o céu
e ver azul,
hoje o azul que olha
sem pressa de decifrar.

A vida muda
o céu não.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Babilônia


Hoje amanheceu com chuva
e entardeceu da mesma forma
mas eu não percebi
porque quando céu é branco me perco nas horas
e me perco em mim mesma
e de alguma forma esqueço a babilônia
porque o céu daqui não tem tantas estrelas a noite
mas quando está branco aqui...
está branco em todo lugar


Gaia


Gaia, era a deusa da Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos.

Gaia - Deusa Grega da Terra;
Gaia - Hipótese científica da Terra como ser vivo;
Gaia - Conceito filosófico relativo à sobrevivência da vida na Terra.



fonte: wikipedia

quinta-feira, 13 de março de 2008

Coisa Linda

Faz tempo que o não usual me agrada.
Miro as coisas além de sua superfície:
olho o azul do céu lilás;
leio as palavras de um livro sem capa;
vejo pessoas e não cores;
vejo a alma e não as pessoas.
Faz pouco tempo que percebi isso como dádiva,
antes era um gosto esquisito-
um motivo de risada.
Hoje a risada da lugar a um sorriso suave
que repousa nos lábios da mais bela flor
Mas só eu sei disso. E só eu entendo.
Quando aprendi a ver corações ao invés de pessoas
foi que descobri que eu não era diferente
E passei a me ver no olhar do outro enquanto falo.
Alma, coração e olhar costumam me guiar,
e como 3 direitas viram uma esquerda,
voltam as risadas e toda aquela interrogação.

sábado, 8 de março de 2008

Poemas Antigos

Incondicional

Curioso é querer-te
além do que se espera
de incondicional tentar
por outonos, primaveras
Saboroso é o deleite
ilusão a qual se entrega
de irracional pensar
em seus beijos, quem me dera!


Conceitos

Impostos à força
ou até coniventes
conceitos esbarram
num lado da mente
em que todo homem são
se transforma demente
quando para e percebe que pensa em vão.
Não vale de nada
a palavra que prega
é mais forte que o forte
prisão que renega
e o inútil se cabe na batalha de então.
De alma vendada
olhos bem abertos
sentimentos se trancam
em valores cobertos
e o gosto cinzento
amarga a beleza
no tato não-sincero
da real visão.
E então um colapso
invade o sensato
e o abismo do fútil
se encontra a um passo
onde a queda do corpo
é alívio imediato
provocando na mente
intenso torpor.

(31-05-05)