quarta-feira, 28 de maio de 2008

Anti-Posse

Te amo tanto que te esqueço
para não me saturar
de tua imagem
É preciso que deixe de ser importante
tu me procurares
pois na medida
em que me sinto livre
te vejo chegar:
quanto mais longe de ti
mais estás aqui.
Vou ao teu encontro,
como se não existisses
e surpreendentemente
estás próxima do meu corpo.
Eu te aguardo,
para viver minha maior surpresa.
Eu te aguardo,
sem querer te esperar,
daí a minha urgência.
Faço um incêndio
das lembranças tuas,
sem saber que eras as chamas
em que me deixo arder.
Eu me escondo na noite
de tua ausência
e me despejo (me despojo)
nos braços de tua aurora chegante.
Eu te amo
porque nada quero (cobro) de ti.
Eu tenho tudo o que és
porque não te possuo
porque não és minha.


{Poema de Flávio Nascimento}